quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
1º JANTAR CONVÍVIO 2010
Meus caros,
Aí está o nosso fantástico jantar…
Terá lugar no próximo dia 30 de Janeiro pelas 20:30h
Marcações: Pfeliciano62@gmail.com Ou p/TM 919473759
O Local?
“Salão
Da
Padaria”
em Stª Eulália
Menu
Acervos de Carne ao Molho Escuro
Caldo de Aves
&
Malga de S. Tiago
Cada Ementa de Adulto (8 €) incluí: Prato, 1 sobremesa, 1 bebida, 1 café.
Cada Ementa de Criança [até 5 anos] (3,50 €) incluí: Prato, 1 sobremesa, 1 bebida.
Cada Ementa de Criança [6 a 9 anos]/Lobitos (5 €) incluí: Prato, 1 sobremesa, 1 bebida.
Todos os extras (digestivos, outras sobremesas, mais cafés, etc.) são pagos à parte.
Haverá ainda algumas surpresas, contamos consigo e com a sua boa disposição.
Cumprimentos,
Luís Feliciano
Aí está o nosso fantástico jantar…
Terá lugar no próximo dia 30 de Janeiro pelas 20:30h
Marcações: Pfeliciano62@gmail.com Ou p/TM 919473759
O Local?
“Salão
Da
Padaria”
em Stª Eulália
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Acervos de Carne ao Molho Escuro
Caldo de Aves
&
Malga de S. Tiago
Cada Ementa de Adulto (8 €) incluí: Prato, 1 sobremesa, 1 bebida, 1 café.
Cada Ementa de Criança [até 5 anos] (3,50 €) incluí: Prato, 1 sobremesa, 1 bebida.
Cada Ementa de Criança [6 a 9 anos]/Lobitos (5 €) incluí: Prato, 1 sobremesa, 1 bebida.
Todos os extras (digestivos, outras sobremesas, mais cafés, etc.) são pagos à parte.
Haverá ainda algumas surpresas, contamos consigo e com a sua boa disposição.
Cumprimentos,
Luís Feliciano
FORMAÇÃO PARA COMISSÕES DE PAIS
Caríssimos,
Recebemos a seguinte indicação da Junta de Núcleo Solarius relativamente à formação para Comissões de Pais que terá lugar no dia 30 de Janeiro próximo.
Relativamente á Acção de Formação para Pais informamos que:
- Local – Auditório Municipal de Arruda dos Vinhos
- Horário – 10h00 ás 17h30
- Almoço para partilhar
Soubemos que há possibilidade de haver mais inscrições, por isso, se alguém não deu notícia da disponibilidade e interesse, pode agora fazê-lo que nós encaminharemos a inscrição.
Mais informo que o Agrupamento suporta integralmente o custo das inscrições.
Cumprimentos,
Luís Feliciano
Recebemos a seguinte indicação da Junta de Núcleo Solarius relativamente à formação para Comissões de Pais que terá lugar no dia 30 de Janeiro próximo.
Relativamente á Acção de Formação para Pais informamos que:
- Local – Auditório Municipal de Arruda dos Vinhos
- Horário – 10h00 ás 17h30
- Almoço para partilhar
Soubemos que há possibilidade de haver mais inscrições, por isso, se alguém não deu notícia da disponibilidade e interesse, pode agora fazê-lo que nós encaminharemos a inscrição.
Mais informo que o Agrupamento suporta integralmente o custo das inscrições.
Cumprimentos,
Luís Feliciano
O Papel da Família na Educação da Juventude
O Papel da Família na Educação da Juventude
Dr. António Madeira de Brito Cabral
Cáritas Portuguesa, Lisboa, Portugal
Sessão I
S1-4 Dr. António Brito Cabral Página 1/6
O Papel da Família na Educação da Juventude
Dr. António Madeira de Brito Cabral
Cáritas Portuguesa, Lisboa, Portugal
beaugeste@sapo.pt
Sessão I
S1-4 Dr. António Brito Cabral Página 2/6
O Papel da Familia na Educação da Juventude
A história da educação nas sociedades ocidentais está intimamente ligada à construção da
nação, da democracia, do sistema de mercado. Da nação, porque a formação para a cidadania,
com os estados nacionais, passou de um vinculo de cariz religioso ou cultural para a integração
política através do sufrágio universal. Da democracia pelo ênfase dado aos valores da igualdade,
da liberdade e da solidariedade na construção das sociedades liberais. Do sistema de mercado
pela necessidade de aceitação dos modelos de coesão social que implicam o carácter hierárquico
promovido pela socialização escolar, forma legitimadora da mobilidade social existente.
Sobre a evolução das sociedades ocidentais no século XX, um autor contemporâneo (Alain
Touraine) põe em evidência a característica fundamental do processo de modernização. Este
processo sublinha a existência de uma relação entre a produção (cada vez mais associada à
ciência e à tecnologia) e a vida pessoal (ou seja, à libertação do sujeito).
Só que a modernidade, segundo este autor , tem desenvolvido quase exclusivamente o primeiro
aspecto, ou seja, a racionalidade em detrimento do indivíduo e da sua liberdade.
E, como corolário desta tendência de modernidade a preparação para a integração social passou
a ser o objectivo prioritário da educação.
A modernidade pôs, assim, o ênfase nas “funções”, no desempenho de papeis. O “bem”, ou seja
o objectivo último que os clássicos atribuíam à educação, passou a significar uma qualquer
acção que visasse a utilidade social, devendo as várias instituições garantir a funcionalidade do
sistema.
A família, por exemplo, socializava para que a escola viesse a exercer a sua função de educação
formal como preparação eficaz para a vida activa no âmbito profissional.
Mas a crise da homogeneização cultural que caracteriza a evolução das sociedades ocidentais no
século XX, com o fim do conflito entre dois sistemas políticos antagónicos e com a anterior
extinção dos impérios coloniais, veio pôr em causa a estabilidade deste modelo educativo.
Verifica-se um acentuado “défice de socialização” não apenas nas instituições escolares, mas
também nas instituições tradicionalmente responsáveis por esta função.
É um facto que as instituições educativas tradicionais – caso da família e da escola – já não
transmitem os valores e os modelos de coesão social como faziam no passado. E o espaço
deixado vazio pelo referido “défice de socialização” foi ocupado por novos agentes de
socialização (meios de comunicação de massa, em particular a televisão) que não se encontram
vocacionados para formar moral e culturalmente as novas gerações.
Sessão I
S1-4 Dr. António Brito Cabral Página 3/6
É assim que a nação e a democracia se vêem confrontados com a criação de novos espaços
político/económicos em que se reclama uma maior cidadania e o direito a participar na vida
política, económica ou cultural. Por outro lado o sistema de mercado parece introduzir na nova
ordem internacional um factor de grande polémica mas também de enorme actualidade – o
fenómeno da globalização. Se por um lado a globalização “supera fronteiras geográficas, corroe
os vínculos tradicionais de solidariedade” gerando novas formas de exclusão, solidão e
marginalidade, é indiscutível que também fomenta os valores da abertura, do pluralismo, do
diálogo, configurando um sistema contrário a ideologias fechadas e anti-democráticas como são
as fundamentalistas de qualquer cariz.
Estaremos perante uma sociedade multi-cultural? Não é fácil a resposta, sendo certo que o
objectivo deverá ser a comunicação intercultural em que se verifique o “reconhecimento por
todos do direito de todos”.
Com as mudanças operadas nos sistemas económico, social e cultural instala-se a crise do
modelo educativo que descrevemos, e que deixou de cumprir as funções a que se destinava,
gerando o desemprego, a exclusão social, uma formação despersonalizada e dificultando aos
agentes educativos o exercício da sua função socializadora.
Como diz Touraine “há que deixar de pensar que o indivíduo está ao serviço da sociedade, que
se define pelas suas funções e pela sua contribuição para a vida colectiva , e fazer da
individualização o objecto central da educação escolar ou familiar e do direito”.
Mas que mudanças se operaram na concepção do individualismo na sociedade contemporânea?
Há uma diferença flagrante entre o individualismo do século XIX e o individualismo actual.
Enquanto que no primeiro as pessoas eram levadas aceitar um modelo preexistente ou
preestabelecido e portanto eram induzidas a adoptar um modelo fixo de comportamento em
aspectos cruciais da sua vida quotidiana, o segundo está relacionado com o “estilo de vida” em
que a auto expressão, a liberdade interna, o desenvolvimento da sua personalidade são aspectos
centrais. Donde constituir um credo a pessoa ser ou querer ser livre, ter ou poder optar por uma
forma de vida para si própria.
Claro que a assunção desta filosofia de vida teve reflexos óbvios na própria estrutura da família
e nas suas funções actuais.
Sem pretender generalizar este fenómeno a todas as culturas, a verdade é que na sociedade
ocidental a modernização social promoveu, entre outros aspectos, a introdução da mulher no
mercado de trabalho, a redução no número de filhos, o aumento dos divórcios, do que resultou
uma redução do tempo real que os adultos passam com os filhos.
Estes fenómenos, associados de algum modo à subida do individualismo, provocaram uma
alteração significativa no papel socializador da família.
Por outro lado, a escola tradicional ocupava-se fundamentalmente da socialização secundária
porque era suposto que a família concentrava a sua função na preparação da criança para a sua
Sessão I
S1-4 Dr. António Brito Cabral Página 4/6
integração social, transmitindo-lhe além dos conhecimentos básicos, um quadro de valores e
regras que iriam constituir o núcleo básico da sua personalidade.
Mas na sociedade contemporânea a criança ocupa a maior parte dos tempos livres em frente da
televisão ou em jogos de computador, deixando para segundo plano a companhia dos Pais,
irmãos, amigos ou mesmo dos professores. Sem nos deixarmos impressionar pelas conclusões
de Popper e Condry que sublinham os perigos para a democracia se não houver um controlo
(leia-se regulação) televisiva, a verdade é que, para além do tempo que a TV retira à leitura e ao
convívio, e o facto de fomentar estados de violência (ou da sua banalização), ela através da
imagem mobiliza emoções, sentimentos e afectividade, introduzindo na socialização do jovem
factores que sugestionam e seduzem o telespectador através da criação permanente de ídolos e
“divindades” (como nas sociedades tradicionais) agora através de telenovelas e espectáculos da
“vida real”.
Assim podemos dizer que na sociedade contemporânea em que os vínculos primários
enfraquecem porque a família já não exerce as suas funções com a força afectiva que tinha no
passado é a socialização secundária que passa a exercer uma influência crescente no plano da
afectividade. Isto porque utiliza (como anteriormente a família e a igreja) gestos, climas
afectivos, tonalidades de voz, promovendo crenças, emoções e adesões totais.
À escola, ou mais concretamente, às formas institucionalizadas do ensino, é pedido, então, um
conjunto de preocupações na formação do desenvolvimento cognitivo, mas também do núcleo
básico do desenvolvimento da personalidade, havendo quem a inclua na categoria da
“instituição total”.
Claro que esta formação integral da personalidade, como tarefa da escola, tem riscos, dos quais
destacamos o que posiciona a escola como uma entidade “neutral”, nomeadamente nas esferas
religiosa, étnica, racial, social ou sexual, e que é uma conquista civilizacional.
Mas também pensamos que a neutralidade face às diferenças não obriga a que a escola
permaneça neutral (eu diria, desinteressada) face a temas, como por exemplo o ensino da
religião. Reconhecendo o melindre dessa área entendemos que não se deverá evitar a
compreensão do fenómeno religioso , e a sua influência na formação e construção de nações
(penso em Portugal, concretamente), nas suas diferentes expressões e dimensão histórica.
Outra área fundamental na formação para a cidadania tem a ver com os valores éticos em que a
responsabilidade, a tolerância , a solidariedade e a justiça devem constituir um núcleo central de
preocupações educativas que não pode ficar ao arbítrio das consciências individuais.
Mas um dos maiores problemas que a escola enfrenta prende-se com o modo de motivar o aluno
a aprender num oceano de sobre-informação e como utilizar e processar a informação
disponível. Ao professor cabe essa difícil tarefa de ser um facilitador e organizador de tão
dispersa e desconexa informação utilizada pelos jovens, incutindo-lhes um espirito critico e não
dogmático apoiado nos métodos científicos e em informação descomprometida. De facto o
Sessão I
S1-4 Dr. António Brito Cabral Página 5/6
professor não deve transformar-se num novo “sugestionador” ou quem procura “identificações
totais”, mas alguém que no plano epistemológico deve ser relativista, postura que permite
independência, abertura de espirito, ausência de preconceitos e a possibilidade de compreender
valores diferentes daqueles com que nos identificamos.
Convém sublinhar desde já, que no plano ético é impossível ser-se relativista porque significa a
maneira como se quer viver em sociedade, o que implica a necessidade de fazer opções.
Uma crítica também à escola é à utilização pelas práticas pedagógicas do trabalho de grupo.
A preparação para o desempenho de papeis, visando uma correcta integração no tecido social,
exige o reconhecimento da necessidade do trabalho em equipa conducente ao exercício da
solidariedade e ao reconhecimento da diferença do “outro”. A minha experiência docente revelame
um fraco entendimento desta realidade e uma deficiente motivação dos alunos para este tipo
de trabalho colectivo, pois o membro activo pode contribuir com muito de pessoal para a
valorização grupal. Neste sentido as novas tecnologias da educação podem ajudar a fortalecer
os laços de convivialidade no trabalho pedagógico.
Retomando algumas considerações formuladas sobre formação ética, consideramo-la como um
requisito fundamental na formação para a cidadania.
A formação ética do cidadão implica a ideia de responsabilidade na família, na escola, na
empresa, nos vários grupos que compõem a sociedade.
E a socialização, não sendo apenas baseada na lógica da troca de interesses, nem num conceito
abstracto de identidade cultural terá que encarar o outro como sujeito.
Como diz Alain Renaut “é preciso diferenciar com rigor sujeito e indivíduo, humanismo e
individualismo, autonomia e independência”, conceitos que não poucas vezes se confundem e
descaracterizam. “Ora é precisamente a referência aos direitos do sujeito, aos direitos das
minorias como aos da maioria que confere aos novos movimentos sociais uma tão grande
importância” (Touraine).
De facto é importante que os sentimentos de solidariedade e coesão social venham a ser
recuperados de uma forma positiva e que na base da sociedade, nomeadamente em sectores de
excluídos onde se assiste a alguns fenómenos de neocomunitarismo que fundamentam a
protecção dos seus membros em sentimentos de intolerância, de discriminação e exacerbação
dos particularismos, passe a reinar a segurança , a confiança, o sentido de justiça, e se tornem
eles próprios, actores no direito à cidadania, ou seja a participarem na vida política , económica
ou cultural.
Sessão I
S1-4 Dr. António Brito Cabral Página 6/6É um facto que a escolha surge cada vez mais cedo no processo de formação da personalidade:
“Ensinar a escolher constitui, pois, uma tarefa importante da educação para a paz e a
democracia” (Tedesco).
E as mudanças educativas dependem da interacção de múltiplos factores que actuam de forma
sistémica, tendo o sistema familiar responsabilidades acrescidas na tomada de consciência de
que, com o desaparecimento das fontes tradicionais da identidade e dos pontos de referencia
culturais, as identidades individuais passam, assim, a ser construídas com maior protagonismo
das pessoas num processo de libertação individual.
O desafio da sociedade, e portanto da educação, é encontrar a articulação entre racionalidade e
subjectividade entre actores sociais e não meros indivíduos isolados.
Estou em crer que é na família moderna, funcionando como um sistema aberto e em interacção
com o seu meio, que a opção por um novo humanismo encontrará a expressão de uma
solidariedade orgânica tão difícil de encontrar nos restantes grupos sociais, mas que se observa
sem artificialismos no grupo familiar.
Dr. António Madeira de Brito Cabral
Cáritas Portuguesa, Lisboa, Portugal
Sessão I
S1-4 Dr. António Brito Cabral Página 1/6
O Papel da Família na Educação da Juventude
Dr. António Madeira de Brito Cabral
Cáritas Portuguesa, Lisboa, Portugal
beaugeste@sapo.pt
Sessão I
S1-4 Dr. António Brito Cabral Página 2/6
O Papel da Familia na Educação da Juventude
A história da educação nas sociedades ocidentais está intimamente ligada à construção da
nação, da democracia, do sistema de mercado. Da nação, porque a formação para a cidadania,
com os estados nacionais, passou de um vinculo de cariz religioso ou cultural para a integração
política através do sufrágio universal. Da democracia pelo ênfase dado aos valores da igualdade,
da liberdade e da solidariedade na construção das sociedades liberais. Do sistema de mercado
pela necessidade de aceitação dos modelos de coesão social que implicam o carácter hierárquico
promovido pela socialização escolar, forma legitimadora da mobilidade social existente.
Sobre a evolução das sociedades ocidentais no século XX, um autor contemporâneo (Alain
Touraine) põe em evidência a característica fundamental do processo de modernização. Este
processo sublinha a existência de uma relação entre a produção (cada vez mais associada à
ciência e à tecnologia) e a vida pessoal (ou seja, à libertação do sujeito).
Só que a modernidade, segundo este autor , tem desenvolvido quase exclusivamente o primeiro
aspecto, ou seja, a racionalidade em detrimento do indivíduo e da sua liberdade.
E, como corolário desta tendência de modernidade a preparação para a integração social passou
a ser o objectivo prioritário da educação.
A modernidade pôs, assim, o ênfase nas “funções”, no desempenho de papeis. O “bem”, ou seja
o objectivo último que os clássicos atribuíam à educação, passou a significar uma qualquer
acção que visasse a utilidade social, devendo as várias instituições garantir a funcionalidade do
sistema.
A família, por exemplo, socializava para que a escola viesse a exercer a sua função de educação
formal como preparação eficaz para a vida activa no âmbito profissional.
Mas a crise da homogeneização cultural que caracteriza a evolução das sociedades ocidentais no
século XX, com o fim do conflito entre dois sistemas políticos antagónicos e com a anterior
extinção dos impérios coloniais, veio pôr em causa a estabilidade deste modelo educativo.
Verifica-se um acentuado “défice de socialização” não apenas nas instituições escolares, mas
também nas instituições tradicionalmente responsáveis por esta função.
É um facto que as instituições educativas tradicionais – caso da família e da escola – já não
transmitem os valores e os modelos de coesão social como faziam no passado. E o espaço
deixado vazio pelo referido “défice de socialização” foi ocupado por novos agentes de
socialização (meios de comunicação de massa, em particular a televisão) que não se encontram
vocacionados para formar moral e culturalmente as novas gerações.
Sessão I
S1-4 Dr. António Brito Cabral Página 3/6
É assim que a nação e a democracia se vêem confrontados com a criação de novos espaços
político/económicos em que se reclama uma maior cidadania e o direito a participar na vida
política, económica ou cultural. Por outro lado o sistema de mercado parece introduzir na nova
ordem internacional um factor de grande polémica mas também de enorme actualidade – o
fenómeno da globalização. Se por um lado a globalização “supera fronteiras geográficas, corroe
os vínculos tradicionais de solidariedade” gerando novas formas de exclusão, solidão e
marginalidade, é indiscutível que também fomenta os valores da abertura, do pluralismo, do
diálogo, configurando um sistema contrário a ideologias fechadas e anti-democráticas como são
as fundamentalistas de qualquer cariz.
Estaremos perante uma sociedade multi-cultural? Não é fácil a resposta, sendo certo que o
objectivo deverá ser a comunicação intercultural em que se verifique o “reconhecimento por
todos do direito de todos”.
Com as mudanças operadas nos sistemas económico, social e cultural instala-se a crise do
modelo educativo que descrevemos, e que deixou de cumprir as funções a que se destinava,
gerando o desemprego, a exclusão social, uma formação despersonalizada e dificultando aos
agentes educativos o exercício da sua função socializadora.
Como diz Touraine “há que deixar de pensar que o indivíduo está ao serviço da sociedade, que
se define pelas suas funções e pela sua contribuição para a vida colectiva , e fazer da
individualização o objecto central da educação escolar ou familiar e do direito”.
Mas que mudanças se operaram na concepção do individualismo na sociedade contemporânea?
Há uma diferença flagrante entre o individualismo do século XIX e o individualismo actual.
Enquanto que no primeiro as pessoas eram levadas aceitar um modelo preexistente ou
preestabelecido e portanto eram induzidas a adoptar um modelo fixo de comportamento em
aspectos cruciais da sua vida quotidiana, o segundo está relacionado com o “estilo de vida” em
que a auto expressão, a liberdade interna, o desenvolvimento da sua personalidade são aspectos
centrais. Donde constituir um credo a pessoa ser ou querer ser livre, ter ou poder optar por uma
forma de vida para si própria.
Claro que a assunção desta filosofia de vida teve reflexos óbvios na própria estrutura da família
e nas suas funções actuais.
Sem pretender generalizar este fenómeno a todas as culturas, a verdade é que na sociedade
ocidental a modernização social promoveu, entre outros aspectos, a introdução da mulher no
mercado de trabalho, a redução no número de filhos, o aumento dos divórcios, do que resultou
uma redução do tempo real que os adultos passam com os filhos.
Estes fenómenos, associados de algum modo à subida do individualismo, provocaram uma
alteração significativa no papel socializador da família.
Por outro lado, a escola tradicional ocupava-se fundamentalmente da socialização secundária
porque era suposto que a família concentrava a sua função na preparação da criança para a sua
Sessão I
S1-4 Dr. António Brito Cabral Página 4/6
integração social, transmitindo-lhe além dos conhecimentos básicos, um quadro de valores e
regras que iriam constituir o núcleo básico da sua personalidade.
Mas na sociedade contemporânea a criança ocupa a maior parte dos tempos livres em frente da
televisão ou em jogos de computador, deixando para segundo plano a companhia dos Pais,
irmãos, amigos ou mesmo dos professores. Sem nos deixarmos impressionar pelas conclusões
de Popper e Condry que sublinham os perigos para a democracia se não houver um controlo
(leia-se regulação) televisiva, a verdade é que, para além do tempo que a TV retira à leitura e ao
convívio, e o facto de fomentar estados de violência (ou da sua banalização), ela através da
imagem mobiliza emoções, sentimentos e afectividade, introduzindo na socialização do jovem
factores que sugestionam e seduzem o telespectador através da criação permanente de ídolos e
“divindades” (como nas sociedades tradicionais) agora através de telenovelas e espectáculos da
“vida real”.
Assim podemos dizer que na sociedade contemporânea em que os vínculos primários
enfraquecem porque a família já não exerce as suas funções com a força afectiva que tinha no
passado é a socialização secundária que passa a exercer uma influência crescente no plano da
afectividade. Isto porque utiliza (como anteriormente a família e a igreja) gestos, climas
afectivos, tonalidades de voz, promovendo crenças, emoções e adesões totais.
À escola, ou mais concretamente, às formas institucionalizadas do ensino, é pedido, então, um
conjunto de preocupações na formação do desenvolvimento cognitivo, mas também do núcleo
básico do desenvolvimento da personalidade, havendo quem a inclua na categoria da
“instituição total”.
Claro que esta formação integral da personalidade, como tarefa da escola, tem riscos, dos quais
destacamos o que posiciona a escola como uma entidade “neutral”, nomeadamente nas esferas
religiosa, étnica, racial, social ou sexual, e que é uma conquista civilizacional.
Mas também pensamos que a neutralidade face às diferenças não obriga a que a escola
permaneça neutral (eu diria, desinteressada) face a temas, como por exemplo o ensino da
religião. Reconhecendo o melindre dessa área entendemos que não se deverá evitar a
compreensão do fenómeno religioso , e a sua influência na formação e construção de nações
(penso em Portugal, concretamente), nas suas diferentes expressões e dimensão histórica.
Outra área fundamental na formação para a cidadania tem a ver com os valores éticos em que a
responsabilidade, a tolerância , a solidariedade e a justiça devem constituir um núcleo central de
preocupações educativas que não pode ficar ao arbítrio das consciências individuais.
Mas um dos maiores problemas que a escola enfrenta prende-se com o modo de motivar o aluno
a aprender num oceano de sobre-informação e como utilizar e processar a informação
disponível. Ao professor cabe essa difícil tarefa de ser um facilitador e organizador de tão
dispersa e desconexa informação utilizada pelos jovens, incutindo-lhes um espirito critico e não
dogmático apoiado nos métodos científicos e em informação descomprometida. De facto o
Sessão I
S1-4 Dr. António Brito Cabral Página 5/6
professor não deve transformar-se num novo “sugestionador” ou quem procura “identificações
totais”, mas alguém que no plano epistemológico deve ser relativista, postura que permite
independência, abertura de espirito, ausência de preconceitos e a possibilidade de compreender
valores diferentes daqueles com que nos identificamos.
Convém sublinhar desde já, que no plano ético é impossível ser-se relativista porque significa a
maneira como se quer viver em sociedade, o que implica a necessidade de fazer opções.
Uma crítica também à escola é à utilização pelas práticas pedagógicas do trabalho de grupo.
A preparação para o desempenho de papeis, visando uma correcta integração no tecido social,
exige o reconhecimento da necessidade do trabalho em equipa conducente ao exercício da
solidariedade e ao reconhecimento da diferença do “outro”. A minha experiência docente revelame
um fraco entendimento desta realidade e uma deficiente motivação dos alunos para este tipo
de trabalho colectivo, pois o membro activo pode contribuir com muito de pessoal para a
valorização grupal. Neste sentido as novas tecnologias da educação podem ajudar a fortalecer
os laços de convivialidade no trabalho pedagógico.
Retomando algumas considerações formuladas sobre formação ética, consideramo-la como um
requisito fundamental na formação para a cidadania.
A formação ética do cidadão implica a ideia de responsabilidade na família, na escola, na
empresa, nos vários grupos que compõem a sociedade.
E a socialização, não sendo apenas baseada na lógica da troca de interesses, nem num conceito
abstracto de identidade cultural terá que encarar o outro como sujeito.
Como diz Alain Renaut “é preciso diferenciar com rigor sujeito e indivíduo, humanismo e
individualismo, autonomia e independência”, conceitos que não poucas vezes se confundem e
descaracterizam. “Ora é precisamente a referência aos direitos do sujeito, aos direitos das
minorias como aos da maioria que confere aos novos movimentos sociais uma tão grande
importância” (Touraine).
De facto é importante que os sentimentos de solidariedade e coesão social venham a ser
recuperados de uma forma positiva e que na base da sociedade, nomeadamente em sectores de
excluídos onde se assiste a alguns fenómenos de neocomunitarismo que fundamentam a
protecção dos seus membros em sentimentos de intolerância, de discriminação e exacerbação
dos particularismos, passe a reinar a segurança , a confiança, o sentido de justiça, e se tornem
eles próprios, actores no direito à cidadania, ou seja a participarem na vida política , económica
ou cultural.
Sessão I
S1-4 Dr. António Brito Cabral Página 6/6É um facto que a escolha surge cada vez mais cedo no processo de formação da personalidade:
“Ensinar a escolher constitui, pois, uma tarefa importante da educação para a paz e a
democracia” (Tedesco).
E as mudanças educativas dependem da interacção de múltiplos factores que actuam de forma
sistémica, tendo o sistema familiar responsabilidades acrescidas na tomada de consciência de
que, com o desaparecimento das fontes tradicionais da identidade e dos pontos de referencia
culturais, as identidades individuais passam, assim, a ser construídas com maior protagonismo
das pessoas num processo de libertação individual.
O desafio da sociedade, e portanto da educação, é encontrar a articulação entre racionalidade e
subjectividade entre actores sociais e não meros indivíduos isolados.
Estou em crer que é na família moderna, funcionando como um sistema aberto e em interacção
com o seu meio, que a opção por um novo humanismo encontrará a expressão de uma
solidariedade orgânica tão difícil de encontrar nos restantes grupos sociais, mas que se observa
sem artificialismos no grupo familiar.
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